Com 35 milhões de discos vendidos em todo o mundo, o Judas Priest foi apelidado pelos fãs de “Metal Gods” (“Deuses do Metal”), em referência a uma música com o mesmo nome. É a terceira vez que a banda toca no Brasil (a primeira foi em 1991, no Rock in Rio), desta vez celebrando a volta de Rob Halford, vocalista original do Judas Priest que voltou ao grupo em 2003. O G1 falou com o sexagenário (fez aniversário no dia 25 de outubro) guitarrista Glenn Tipton por telefone, na Inglaterra. Confira a entrevista:
G1 – Nos últimos meses, uma série de artistas de heavy metal e hard rock têm reaparecido na mídia, com o Metallica voltando à velha forma e o AC/DC em primeiro lugar nas paradas. O mundo ainda tem espaço para o heavy metal?
Genn Tipton – Não, eu acho que o metal nunca vai morrer. Nós viajamos pelo mundo e encontramos fãs de heavy metal em todos os lugares – nós acabamos de tocar na Turquia e encontramos um público incrível lá. O gênero está aí desde o começo dos anos 80, e só fica mais forte a cada dia.
G1 – E qual você acha que é o papel do Judas Priest nessa cena?
Tipton – Existem muitas bandas que citam a gente como influência, e nos nossos shows, existem muitos fãs jovens também. Acho que a nossa tarefa é inspirar as pessoas e conquista-las para o gênero.
G1 – A música do Judas Priest tem figurado em diversos videogames, especialmente em títulos como “Guitar hero” (a banda foi a primeira a ter um álbum inteiro para download no “Rock band”, com “Screaming for vengeance”). Você chegou a jogar interpretando você mesmo na guitarra virtual?
Tipton – Não, ainda não experimentei, mas vou tentar jogar quando voltar da turnê.
G1 – A volta do vocalista Rob Halford fez a banda reviver os seus dias de juventude?
Tipton – O bom do fato do time de compositores do Judas Priest ser formado por mim e K.K. (K.K. Downing, também guitarrista) é que temos uma fórmula que funciona, independente da situação. É claro que os nossos fãs o queriam na banda e esse cinco anos desde que Halford voltou têm sido maravilhosos.
G1 – Como você acha que os fãs reagiram à notícia de que Rob Halford é gay (Halford assumiu publicamente ser homossexual em uma entrevista para a MTV em 1998, mas seus companheiros de banda sempre souberam do fato)? Você acha que existe espaço para a homofobia no heavy metal?
Tipton – Nós já estamos em 2008, imagino que ninguém mais tenha problemas com isso. Rob é um cara incrível, e no fim das contas, o que importa é a banda e a música, e sabemos que os fãs entendem isso muito bem.
G1 – Você já gravou dois álbuns-solo (“Baptism of fire”, de 1997, e “Edge of the world”, de 2006). Tem planos de manter uma carreira solo?
Tipton – Eu gravei esses discos em momentos em que o Judas Priest estava parado. Adorei fazê-los, mas minha prioridade sempre vai ser o Priest – a banda é a razão pela qual eu comecei a tocar guitarra, então é uma política pessoal que eu sigo.
G1 – O Judas Priest tem uma série de fãs em todo o mundo, incluindo o Brasil, e vocês viajam para inúmeros países, tocando para diferentes platéias. Os fãs de metal são iguais em todo o mundo ou existem países onde é melhor para se tocar?
Tipton – Cada país e cada parte do mundo tem suas características próprias, que muitas vezes são refletidas no comportamento dos fãs. Nosso público na América do Sul é enérgico, participa do show, se envolve de verdade. No Japão o público também é muito entusiasmado – nós amamos platéias selvagens!
fonte: G1